segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Um Museu Efémero

Venho por este meio prestar homenagem e divulgar o Museu Efémero.

Quando voltei a estas terras, fiz questão de visitar a capital. Estava um fim de tarde lindíssimo e não conseguia esconder a emoção de poder ver Lisboa com outros olhos. Mas quando entrei no Bairro Alto fiquei desiludida com o espetáculo triste que pinta aquelas ruas.

Rabiscos confusos de cores diversas foram impostos àquelas paredes seculares. E ainda que triste, não deixa de ser um espetáculo.

Desde aí não tenho escondido o sentimento de revolta que nutro por tal arte.

Não têm os moradores direito a ter as paredes da cor que mais lhes agrada?

Desde aí têm vindo até mim também demonstrações mais nobres dessa arte.

E fico confusa.

Se por um lado é um atentado à liberdade de escolha, por outro é arte gratuita, acessível a todos...

12 comentários:

rosas disse...

Mas então vamos definir o que é arte e o que não é arte. No meu entender, o que se passa actualmente no Bairro Alto NÃO é arte. É poluição visual.

rosas disse...

Ah ! E começar o que quer que seja com "venho por este meio(...)" é demasiadamente função pública. You can do better q:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Joana disse...

Uhhh! Nabo que é nabo...... ( =

Sim, há por ali muita poluição visual... Mas também há arte! Visitaste o Museu Efémero?

Repolhos e nabiças*

rosas disse...

Ainda não o visitei fisicamente. . . mas gostei do conceito ! A questão que se coloca é que o que pode ser arte para ti, poderá não ser para mim e vice-versa. Agora imagina isso na cabeça de alguns milhares de pessoas.
Vai-se definir o que é e não é arte no BA ? Não. Vai-se acabar com tudo de uma vez (inclusivé as noites até às 4 da manhã). Mas, vendo as coisas de uma maneira mais positiva, não há nada tão bom para writer como uma parede branca ! lol

borrachaverde disse...

"Se por um lado é um atentado à liberdade de escolha, por outro é arte gratuita, acessível a todos..."

Estou um bocado como tu no que respeita a opiniões: confusa.

Não sei honestamente que pensar, opinar, expor, contrapor. A minha ideia em relação a "arte efémera" é ainda pouco sóbria ou vincada.

Tenho no entanto a dizer, Rosas, que não concordo quando dizes que "o que se passa actualmente no Bairro Alto NÃO é arte". Porque (aches estranho ou não, diz-se) o é. (Se bem que, para mim, este assunto se torna um tanto ou quanto sensível a razões pessoais a partir do momento em que deixou de ser difícil não rotular/etiquetar uma.... "coisa" (!) com a palavra "arte" em letras grandes. Desde meados do séc. XX para cá o assunto tem tomados porpoções cada vez mais acentuadas e a nós, por agora, vale-nos o individualismo. A atracção/repugnância pelo que vemos. A confusão de sermos muitos -demasiados- para se manter a integridade de valores e de conseguir respeitar a liberdade de cada um.)

Palavras de quem, afinal, não tem uma opinião.

Molhos de nabiças e bróculos p ambos* (andamos todos mt vegetarianos, estou a ver!)

rosas disse...

se isso é uma não opinião, o quanto gostava de te ouvir opinar. . . wEHNF WERTGN GRHsnv !!!

Eventualmente não fui o mais esclarecedor: quando digo que "o que se passa no BA NÂO é arte", refiro-me a um rabisco que se faz com um marcador, numa parede (que podia ser de minha ou de tua casa) e um outro por cima e um outro. Não consigo conceber isso como arte. Consigo sim conceber isso como manifestação e reflexo "cultural" ou então teremos que definir arte, again. Menina bróculo - Sra. das definições - quer fazer a fineza ? (;

Para mim, é bróculos com todos, salteados sff !!

*

borrachaverde disse...

Retirado do mesmo diccionário de onde surgiram as definições "embevecer" e "assolar":

"Arte s. f. Conjuntos de processo pelos quais se atinge a realização do Belo; ofício; profissão; modo; forma; habilidade; astúcia."

Se o que o diccionário diz é verdade,confirma-se então de uma forma simplificada o que há pouco eu defendi e afinal não ficámos mais esclarecidos por isso. Penso no entanto ter respondido á tua questão quando digo que "este tema se torna um tanto ou quanto sensível a razões pessoais".
É um assunto complexo este de tentar definir a sequência de quatro letras que afinal forma um anorme palavrão. No fim ficamos todos na mesma.

Quanto aos rabiscos e por cima outro e ainda outro: Consigo construir uma ponte de ligação entre esse tipo de registo e um estilo "musical" a que dão o nome de "noise japonês" (para quem não conhece, procurar: Merzbow). Considero ambos um monte de ruído apenas distintos exactamente pelo tipo de registo. E se há (porque há) quem chame ao noise "arte" (eu pessoalmente, confesso, ainda consigo achar curioso), então também há com certeza quem considere o mesmo em relação ao que vemos no BA. Afinal ambos correm o mundo. Afinal são imagens universais.

Queria dizer mais qualquer coisa mas já é tarde e estou a divagar. Já me perdi. (talvez este assunto não tanto interesse assim ou esteja eu a ser demasiado vaga) Fica para a próxima.



E quanto ás despedidas:
Então bróculos com todos seja *

[dnoxcio - esta é mt gira!]

rosas disse...

Arrumaste-me.
No que toca a música, eu próprio já defendi um trabalho (entenda-se apresentá.lo perante um conjunto de professores e, claro está, defendê-lo) sobre uma música de Venetian Snares. A música em si é desconstrutiva/destrutiva sonoramente, é ruído. Na sua essência, não é música mesmo. Mas é arte (eu defendi e defendo como tal), na medida em que o artista usa os recursos que tem para manifestar a sua realização de Belo. Mas continuo a insistir: um rabisco com um marcador numa parede não pode ser considerado como tal. OU sou eu que sou limitado nesse aspecto.


[ADOREI. dnoxcio é muito bom !)

borrachaverde disse...

Venetian Snares não é de todo tão descontrutivista quanto Merzbow, mas sim, analisando dessa forma, estás então a dar-me razão. Arruma-se aqui o assunto.

Quanto aos riscos:
"Mas é arte (...), na medida em que o artista usa os recursos que tem para manifestar a sua realização de Belo."

...Penso que está tudo dito.

(Não me entendas mal, não estou a querer com sito dizer que considero os riscos com marcador arte -meu deus que seria de mim- mas apenas a tentar desfazer esse limite de que falas)

[awcui - afinal não estás a fermentar coisa nenhuma... lol]

Joana disse...

Clap clap clap clap!

Fico contente por este post ter dado aso a tantas considerações tão equilibradas.

(Parece-me que o equilíbrio remete-nos sempre para o indefinido. Ou será o indefinível?)

Continuo-o sem certezas. O que rabisca a parede branca (ou já rabiscada) num acto heróico de narcisismo não é, para mim, artista. Ainda assim consigo apreciar os rabiscos no todo, enquanto parte. Acabam por fazer parte da História da cidade histórica Lisboa.

Muitos e muitos bugalhos*

borrachaverde disse...

"Parece-me que o equilíbrio remete-nos sempre para o indefinido. Ou será o indefinível?"

Talvez um pouco de ambos... :)

Mas disseste as palavras mágicas: "para mim".

b.e.i.j.*